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Biografia

Kãisãró Diroá

Kãisãró Diroá

 Origem e Infância

Kãisãró Diroá pertence à etnia Tariano, do 3º clã - Diroá, que é reconhecida entre as etnias do Rio Uaupés como “os filhos da espuma do sangue do trovão”. A maioria dos Tarianos fala o idioma Tukano e reside no povoado de Iauaretê ou em outras comunidades e cidades. Os Tarianos não se casam com pessoas da mesma etnia, pois os consideram irmãos. Dessa maneira, a mãe de Kãisãró é da etnia Tukano, e por parte de suas avós materna e paterna, é descendente das etnias Desana e Piratapuia. 

Kãisãró nasceu em 1996, no povoado de Iauaretê, no território indígena do Alto Rio Negro, no noroeste do Amazonas, na fronteira com a Colômbia. O local é conhecido como “cabeça do cachorro” e pode ser facilmente identificado no mapa do Brasil. 

Kãisãró é filha de Ermelinda Yepario e Severiano Kedasery, e é a caçula de uma família de 11 filhos. Seu primeiro contato com a vida urbana ocorreu ainda bebê, uma vez que seus irmãos mais velhos já residiam em Manaus. Em 2002, aos seis anos de idade, seus pais decidiram se mudar para a cidade em busca de melhores condições de estudo para os filhos, com a esperança de que eles frequentassem a universidade e, eventualmente, retornassem a Iauaretê. No entanto, devido a vários acontecimentos, essa possibilidade de retorno nunca mais se tornou viável.  

Kãisãró aprendeu a falar português quando se mudou para a cidade e, morando em um bairro periférico de Manaus, descobriu cedo a desigualdade social e a crueldade do preconceito. Precisou aprender a se defender, resistir e sentir orgulho de quem é. Logo no primeiro ano na cidade, outras crianças passaram a chamá-la de “índia”, um termo com o qual nunca se identificou, pois cresceu sabendo que era Tariana, do 3º clã. Compreendendo a carga pejorativa da palavra, passou a promover a descolonização da palavra em sua vida e em seu trabalho, considerando mais aceitável o uso do termo indígena. 

A família, desde a chegada a Manaus, trabalhou com artesanato, danças e cantos tradicionais, oficinas, palestras, vivências, além do cinema e do teatro. No mesmo ano, surgiu o grupo de artes Dyroá Bayá, formado por membros da família, e em 2008, Kãisãró participou pela primeira vez de uma apresentação com o grupo, utilizando instrumentos, cantos e danças tradicionais, na praça Heliodoro Balbi, em Manaus, Amazonas, junto ao grupo “Aldeia instrumental”.  Em 2023, o grupo de artes Dyroá Bayá, que atualmente reside em São Paulo, completou 22 anos de experiência como coletivo indígena. O grupo é considerado por ela como seu berço artístico, proporcionando um ambiente rico e imerso nas culturas indígenas dos seus povos, contribuindo para o seu crescimento como multiartista indígena. 

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Início da Carreira como atriz 

Kãisãró teve seu primeiro contato com o cinema aos sete anos, quando participou do filme Tainá 2 — A aventura continua (2004), dirigido por Mauro Lima. Nessa produção, fazia parte do núcleo infantil da aldeia de Tainá, uma personagem indígena que vive aventuras na floresta.

 

Kãisãró Diroá sempre faz questão de lembrar, que antes mesmo do seu nascimento, seus avós já haviam participado de dois longas-metragens: Brincando Nos Campos Do Senhor (1991), de Hector Babenco, e Medicine Man (1992), de John McTiernan. Assim, pode-se dizer que ela vem de uma família de artistas e atores, incluindo seus avôs, pais e irmãs, sendo assim, Kãisãró  é a terceira geração de atores na família.

Nunca imaginou que poderia seguir a carreira de atriz, pois estava muito distante da sua realidade. Nunca se viu representada nos filmes que assistia, onde os personagens eram majoritariamente brancos, pretos ou asiáticos, e os filmes que mais assistia eram os de artes marciais. Foi apenas aos 18 anos que aceitou seguir a carreira de atriz, embora já estivesse atuando desde criança.

 

Em 2010, aos 14 anos, foi selecionada para o curta-metragem Uayna-Lágrimas de Veneno (2010), no qual viveu uma experiência positiva participando do filme ao lado de sua mãe e irmãs, que também haviam passado no teste.

 

Em seguida, Kãisãró fez uma pequena participação no longa-metragem do diretor italiano Giorgio Diritti, Un Giorno Devi Andare (2013), interpretando a personagem “Ângela”. O filme conta a história de Augusta, uma mulher que viaja pela Amazônia em busca de autoconhecimento. 

  
Em 2014, participou dos testes para o filme Antes o Tempo Não Acabava (2016), dos diretores Sérgio Andrade e Fabio Baldo. Para Kãisãró, essa foi uma das primeiras produções locais a dar protagonismo aos indígenas, com quase todos os diálogos nos idiomas nativos, Tikuna, Tukano e Baniwa. Ela fez o teste junto a várias outras atrizes locais, concorrendo ao papel da “prima” do protagonista. O filme conta a história de Anderson, um jovem indígena que vive em Manaus e enfrenta conflitos relacionados a sua identidade cultural e a sua sexualidade. O filme foi premiado em vários festivais nacionais e internacionais, como o Festival de Berlim, o Festival de Brasília e o Festival de Portugal. 

 

Em 2015, fez um curso de teatro no Cia Pombal Espaço Alternativo, um importante ponto de cultura em Manaus nessa época. No mesmo ano, colaborou na criação da performance Blitz do Nikamukora e participou, pela primeira vez, de uma peça de teatro de rua intitulada Tisidiri Masã (2015) – “Pessoas que se amam”, no idioma indígena Tukano. A obra é uma adaptação de Romeu e Julieta, com a direção de Day Nunes e dramaturgia de Anderson Kary. Na peça, Kãisãró interpretava a personagem Julieta.

   

No ano seguinte, juntou-se mais uma vez ao “Aldeia” Instrumental, que realizava apresentações junto ao grupo de artes Dyroá Bayá, com uma mistura de instrumentos indígenas e não indígenas. Uma dessas apresentações aconteceu no anfiteatro do Parque do Mindu, em Manaus. 

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“Ativismo” 

Desde 1500, os povos indígenas enfrentam inúmeras dificuldades relacionadas à perda de seus territórios e à negligência do governo. Apenas em 2023, depois de séculos de luta, foi criado o Ministério dos Povos Indígenas, e a Funai passou a ser presidida, pela primeira vez, por uma pessoa indígena, Joênia Wapichana, uma mulher que compreende profundamente o significado de ser indígena no Brasil e que luta incansavelmente pelos direitos de todos os povos indígenas. Quando Kãisãró enfrentava o preconceito e a invisibilidade, não havia figuras indígenas relevantes na mídia, na política ou no governo. Assim, sempre que teve oportunidade fez a sua parte, se pronunciar, utilizou a arte como ferramenta para expressar as dificuldades enfrentadas pelos povos indígenas do Brasil. Ela percebeu no mundo artístico um espaço de transformação capaz de gerar mudanças reais. Assim, embora cada etnia tenha sua própria cosmologia, história e língua, a artista busca representar as comunidades indígenas brasileiras e sua diversidade.

   

O Brasil abriga uma enorme variedade de povos indígenas, incluindo grupos isolados, povos em situação de isolamento voluntário, povos ocultos, povos não-contatados, indígenas autodeclarados, entre outros. Na Amazônia, são 168.690 indígenas de diversas etnias. Por isso, é de suma importância que as pessoas compreendam essa pluralidade e evitem generalizações. Kãisãró enfatiza que os povos indígenas já viviam em uma civilização antes mesmo da chegada dos invasores, e que, ao longo da história, sofreram genocídios, preconceitos e violência, sendo abandonados pelo resto do mundo. Atualmente, a luta pela terra, por seus direitos e pelo reconhecimento continua.

  

A artista defende que o Brasil é uma terra indígena e que os povos originários deveriam ter o direito de circular livremente pelos seus territórios, pois, antes de as cidades serem habitadas por não indígenas, este já era um país pluriétnico e diverso. Por isso, Kãisãró defende a igualdade de direitos e o reconhecimento dos indígenas como parte da sociedade brasileira.

 

Sua resistência se manifesta através da arte, lutando pela representatividade, o que envolve a inclusão, a visibilidade e a diversidade cultural dos povos indígenas. Ela acredita no poder transformador da arte para conscientizar e sensibilizar as pessoas para a causa indígena.  Todavia, ainda há pouca representação indígena no teatro, na televisão, no cinema e na publicidade, com a grande maioria desses espaços reservada quase exclusivamente a pessoas não indígenas.  

A resistência que Kãisãró realiza na arte muitas vezes é chamada de ativismo, porém ela questiona essa definição.  Para ela, a palavra “ativista” tem sido apropriada e imposta por uma visão externa, dos não indígenas, que, mais uma vez, colocam o indígena em um lugar que faz mais sentido para o branco do que para o próprio indígena. Para Kãisãró os indígenas não escolhem ser ativistas e sim, nascem ativistas, ou seja, a resistência é uma consequência natural de suas existências como indígenas. Por isso, Kãisãró escolhe não ser chamada de ativista, apesar de saber que o que faz é um tipo de ativismo.

 

Além disso, ela acredita que através da arte, pode eternizar a existência de seu povo, mostrando sua língua, grafismos e cultura. Ela enfatiza que os povos indígenas também vivem a contemporaneidade, utilizando celulares, ocupando diferentes profissões e participando ativamente da sociedade. No entanto, muitas produções cinematográficas ainda retratam os indígenas de forma estereotipada e distante da realidade atual. Por isso, a multiartista Kãisãró trava uma batalha para modificar essa narrativa e garantir que as representações indígenas no audiovisual sejam mais autênticas e respeitosas.

 

Seu objetivo é desconstruir a imagem equivocada dos indígenas como figuras selvagens e incivilizadas. Ela acredita que, quanto maior a visibilidade dos povos indígenas, maiores são as chances de falarem por si mesmos e garantirem a proteção de seus territórios, assegurando a sua sobrevivência. Ela não está ocupando o lugar de ninguém; está reivindicando o espaço que sempre pertenceu aos povos indígenas.  

Como artista da etnia Tariano, do 3º clã, representa, sobretudo, o seu próprio povo. Após a sua mudança para a cidade, percebeu que sua missão era lutar pela inclusão e visibilidade dos povos indígenas, descolonizando narrativas e promovendo a conscientização, seja como atriz, cantora, performer, diretora ou consultora. Essa jornada é árdua e cansativa e, muitas vezes, afeta a sua saúde mental.  No entanto, para Kãisãró, essa luta não é uma obrigação, mas sim uma necessidade. 

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Resistência através da arte

 

Iniciou sua jornada de resistência através da arte muito antes de compreender plenamente o significado dessa palavra. Um dos momentos mais marcantes dessa trajetória aconteceu durante as filmagens de um longa-metragem, quando enfrentou preconceito dentro da própria produção. Essa experiência marcou o início de sua resistência consciente. As brincadeiras ofensivas, palavras hostis e atitudes discriminatórias por parte de algumas pessoas da equipe revelaram uma realidade que ela já conhecia bem – tanto da periferia onde cresceu quanto de espaços que frequentou ao longo da vida. Foi nesse momento que Kãisãró compreendeu que sempre que ocupasse lugares historicamente negados aos povos indígenas, enfrentaria desafios como esse. Isso porque, durante muito tempo, os indígenas foram relegados a papéis secundários ou representados por atores brancos, perpetuando uma narrativa distorcida. 

 

Mesmo diante dessas dificuldades, ela não desistiu. Enfrentou diversas situações sozinha e segue resistindo até hoje. Atualmente, a indústria cinematográfica tem demonstrado maior interesse por indígenas autodeclarados, descendentes e pessoas com traços indígenas, que, muitas vezes, não falam os seus idiomas nativos ou não têm consciência do significado de ser indígena no Brasil. Esse cenário facilita para os não indígenas contarem as histórias da maneira que lhes convém, sem a necessidade de uma consultoria real. Kãisãró, no entanto, escolheu o caminho da luta e da resistência, colocando essa missão acima de sua própria carreira como atriz. Ela vem enfrentando desafios cada vez maiores, sobretudo, porque a maioria das produções é composta e comandada por não indígenas e, muitas vezes, a branquitude reluta em abandonar os seus privilégios e essa visão ocidentalizada do mundo.

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Atriz e Performer

 

Em 2017, o diretor Sérgio Andrade, com quem Kãisãró já havia trabalhado no filme Antes o Tempo Não Acabava (2016), a convidou para ser uma das protagonistas de seu novo filme. Reconhecendo o seu talento como atriz, ele a convidou para interpretar a personagem “Kandra”. Esse convite marcou um momento significativo em sua carreira, pois foi a primeira vez que desempenhou um papel de protagonista em um longa-metragem. O filme A Terra Negra dos Kawa (2018) estreou nos festivais de São Paulo e Rio de Janeiro, e Kãisãró participou da divulgação, viajando com o filme.

 

No ano seguinte, recebeu sua primeira proposta para apresentar uma performance solo autoral. O trabalho escolhido PÊ'TÍÍA'NÃWE - EXTERMÍNIO (2018) foi apresentado no evento “Boteco da Diversidade - Vidas negras e indígenas importam”, realizado em São Paulo. A performance ritual denunciava as violências sofridas pelos povos originários do Brasil, atribuindo ao público presente a responsabilidade de salvar o planeta e trazendo à tona o sofrimento indígena no meio ao caos ambiental e social. A apresentação despertou grande interesse do público e foi bem recebida no SESC Pompeia.

 

Ainda em 2018, participou do processo seletivo para a série Aruanas, da Globoplay, que trata de questões indígenas e ambientais. Após um longo período de testes e espera, conseguiu o papel de Payall. A série, produzida pela Maria Farinha Filmes em parceria com mais de 20 organizações, como WWF, Anistia Internacional, Global Witness e Greenpeace, contou com uma equipe de direção composta por Estela Renner, Carlos Mangá Júnior, Bruno Safadi e Lucio Tavares. No entanto, segundo Kãisãró, a participação indígena na produção ficou em segundo plano diante do resultado almejado pela equipe, o que reflete a persistente dificuldade de dar protagonismo e voz real aos povos indígenas no audiovisual. 

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A Mudança para São Paulo 

No início de 2019, a família de Kãisãró deixou Manaus e mudou-se para São Paulo em busca de melhores oportunidades no cenário artístico como artistas indígenas. No início, precisaram se adaptar à nova cidade e até trabalhar em outras áreas, como dedetização, para se sustentar. No entanto, com o tempo, conseguiram retomar suas atividades artísticas e seguir com seus projetos. Alguns meses após a mudança, Kãisãró criou, em parceria com o grupo de artes Dyroá Bayá, a peça experimental PÏADIÁPOA - DUAS FACES (2019), apresentada na Refinaria Teatral, em São Paulo. Essa performance explorava as duas faces dos indígenas contemporâneos e a interculturalidade vivida por aqueles que transitam entre diferentes mundos.

 

Ainda em 2019, Kãisãró fez uma participação especial no clipe Sente o Tambor (2019), do artista e cantor Caio Music e foi convidada para integrar o elenco da peça Brian ou Brenda (2019), dirigido por Yara de Novaes e Carlos Gradim, com dramaturgia de Franz Kappler. A peça é baseada na história real de David Reimer, um homem submetido a uma cirurgia de redesignação sexual na infância, sem seu consentimento, e que viveu como mulher até descobrir a verdade. Brian ou Brenda teve duas temporadas na capital paulista, no Centro Cultural São Paulo e no Viga Espaço Cênico. Acostumada a atuar em palcos abertos e no teatro de rua, Kãisãró viu-se, pela primeira vez, em um palco italiano, adquirindo conhecimentos e técnicas que talvez nunca tivesse acesso de outra forma. No entanto, a experiência também teve seus desafios. Em algumas apresentações, a ausência de outros indígenas na plateia trouxe-lhe um sentimento de solidão e desânimo. Ainda assim, a sua paixão pela arte prevaleceu, e ela seguiu firme em sua trajetória. 

Em 2020, antes da pandemia, voltou a colaborar com Caio Music, participando de um show onde o grupo Dyroá Bayá levou a cultura do Norte ao público, mostrando a riqueza das tradições indígenas.

 

Durante o isolamento social em 2020, Kãisãró explorou novas formas de expressão artística, mergulhando no universo da videoarte. Um dos destaques deste período foi a obra CERCADOS (2020-2021), gravada ao longo de meses e que aborda como a sociedade é moldada para que cada um pense individualmente, ignorando o coletivo. A obra reflete sobre a forma como muitas pessoas, mesmo com acesso a informações na internet, apenas deslizam o dedo na tela sem realmente se engajar com o sofrimento alheio. 

Outra criação marcante foi ASFIXIA (2021), uma performance carregada de metáforas, que traz reflexões sobre questões urgentes da humanidade. O primeiro vídeo dessa obra foi gravado na fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa, em plena Amazônia. A performance foi exibida no Festival Dona Ruth, um importante evento de teatro negro em São Paulo.

 

Ainda em 2021, Kãisãró realizou uma intervenção artística na Avenida Paulista contra a PL 490, demonstrando o impacto dessa proposta legislativa para os povos indígenas. Além disso, participou do projeto O que não está, das artistas da Fronte Violenta, explorando a música e os sons que permeiam nosso mundo, sejam eles humanos ou não. 

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Reconhecimento e trabalhos recentes

No ano de 2022, pós-pandemia, Kãisãró entrou para o elenco da série da Netflix Cidade Invisível, na segunda temporada (2023). A série, criada por Carlos Saldanha, é um thriller fantástico que explora o folclore brasileiro e as lendas urbanas. Nessa série, ela interpreta a promotora Telma, que investiga crimes sobrenaturais na cidade. 

Em 2022, também fez parte do elenco do filme Ricos de Amor 2 (2023), dirigido por Bruno Garotti. O filme é uma comédia romântica que narra as aventuras e desventuras de um casal de classes sociais diferentes. Kãisãró interpreta a personagem Wunin, uma jovem indígena que trabalha com medicina alternativa em sua comunidade. Seu cotidiano é interrompido quando ela conhece Teto, um menino mimado e filho de um empresário milionário. 

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Continuando como performer

Para Kãisãró, a performance é uma forma de respiro, uma forma de expressão artística livre e independente. A artista cria a partir do momento vivido, inspirada por suas próprias vivências, pela cosmologia do seu povo, por sua ancestralidade ou pelo que está acontecendo com os povos indígenas na atualidade. Uma das suas últimas criação foi a performance Dɨ (sangue) ressurgimento (2022), para a Mostra Solo Mulheres, no Teatro de Contêiner Mugunzá, em São Paulo. A performance aborda o corpo da mulher indígena e sua amplidão como mulher no mundo. Segue atuando como performer, considerando essa arte essencial em sua vida.

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Seu último trabalho como atriz

Kãisãró é protagonista do espetáculo Antígona na Amazônia, interpretando a própria Antígona. A peça combina a tragédia grega com a realidade contemporânea, sendo uma poderosa manifestação de solidariedade aos trabalhadores rurais sem terra do Brasil. 

O coro da encenação é composto por indígenas do povo Gavião, de Marabá, que também participa do espetáculo. A Antígona amazônica diz não à destruição da maior floresta tropical do mundo. Para Milo Rau, essa é a peça de maior impacto em sua carreira. A montagem é comovente e catártica, funcionando como um belo ato de solidariedade que evidencia o sofrimento de comunidades historicamente marginalizadas. Ao entrelaçar arte e política, a obra questiona por que realidades chocantes não deveriam ser retratadas pela arte. Mais do que uma encenação, Antígona na Amazônia é um exemplo poderoso do potencial transformador da arte e de como o teatro pode dar voz a questões sociais e ambientais urgentes.  

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Outros trabalhos

Além de atriz e performer, Kãisãró também se dedica à música, cantos ancestrais dos seus povos, Tukano e Tariano, é uma artista educadora, tutora, tem experiência com percursos, masterclass, vivências e palestras, compartilhando sua experiência e seus conhecimentos sobre as questões indígenas e sobre sua experiência no cinema, no teatro e na arte em geral.​

Kãisãró
Diroá

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